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sábado, 5 de junho de 2010

Poema da Carla




por mais que procure a saída abarrotada de cigarros e coxas grossas a empurram para o quarto-escuro onde tudo fede a urina e saliva grossa.
pequena como uma pedra no passado ela encerra mistérios de deusas e demônios, plumas de espírito e instintos baixos como os braços de um homem podem suscitar em sua fêmea.
Ele balançava os pés no banco de metal e esperava ela compor-se em roupas de sábado e juntos os quatro entravam numa barca voadora em velocidades alucinantes e beijos que nunca foram dados jogados aleatoriamente as palavras sobrepujavam as que deviam ser ditas entre dentes apertados e sorrisos apáticos a primeira alegria da noite era a lua enorme e indiferente dizendo: cada vez que fechas os olhos, mentiras, mentiras. A segunda alegria da noite eram expectativas de olhares que jamais se cruzavam em fogos de amor completamente embriagados um do outro vomitavam artifícios e se fundiam em ruas escuras embaixo de árvores em que formigas subiam pelas nádegas e lhe mordiam a nuca eram jovens demais pra prestar atenção.

Os sinos dobram ela quer pegar aquele pedacinho de terra que um dia foi suao p As neurastenias de meias passam amarelas
olham todas as direções
aquela garota cuja máscara escorre no rosto em riscos de pó
e rímel com o suor enquanto dança seus olhos brilham como se não vissem nada
de estrelas e cristais
especial como um cartão de crédito os cabelos voam voam voam

um exército de pescoços jovens de outras madrugadas e de planetas mais roxos emaisácidos que os drinks daqui cantam em uníssono como se sentissem: alegria!
e de mãos dadas fazem amor ao mesmo tempo em que um chamapge explode emmicrobolhas de saias apertadas elas suam e esfregam o chão com as sandálias.

nos rituais de fogueira e flauta dois amores lhe oferem um braço e sete mistérios cada um em labiríticos pudores em seus olhinhos não há esperança suas sombras são titânicas e seus seios alimentam lobos

só pode cantar alterar seu estado de consciência e rezar mordendo os lábios que o que nunca houve seja eterrado em seus sonhos cintilantes e falsos como pó de brilhantina que cheiram em banheiros transpirando alcool e lou reed

seus sapatos metálicos arranham o chão num risco agudo e dolorido.
por mais que procure a saída abarrotada de cigarros e coxas grossas a empurram para o quarto-escuro onde tudo fede a urina e saliva grossa.
pequena como uma pedra no passado ela encerra mistérios de deusas e demônios, plumas de espírito e instintos baixos como os braços de um homem podem suscitar em sua fêmea.